O principal tema da Bett Educar 2018 foi os desafios da educação para os próximos anos. Dentro desta temática, Antonieta Megale e Maria Teresa de la Torre Aranda, do Instituto Singularidades, e Marcello Marcelino, da Unifesp, abordaram os desafios da educação bilíngue brasileira e a formação do professor para a educação bilíngue.
Confira como foi a palestra!
A regulamentação da educação bilíngue
Antonieta Megale falou, sobretudo, da falta de regulamentação da educação bilíngue em âmbito nacional, o que tem efeitos relevantes para a formação do professor de educação bilíngue.
Tópico de suma importância. Afinal, sabemos que são inúmeros mitos e verdades sobre a educação bilíngue que precisam ser debatidos. Megale começou por apresentar alguns fatos sobre a educação bilíngue no Brasil:
- • crescimento expressivo de escolas bilíngues;
- • demanda cada vez maior por professores;
- • falta de regulamentação em âmbito nacional;
- • falta de estudos e pesquisas nacionais.
E apresentou o que existe em termos legais, até o momento:
Algumas considerações foram feitas sobre as informações na tabela acima:
- as definições de “escola bilíngue” são gerais e inespecíficas, o que abre espaço para várias interpretações e contextos que se auto-intitulam “escola bilíngue”;
- não fica claro qual “instituição certificadora” é responsável por acompanhar e regular as escolas bilíngues;
- no caso da formação do professor, não existe uma especificação clara sobre o que quer dizer “habilitação/proficiência na segunda língua”, uma vez que “habilitação” e “proficiência” são coisas diferentes e uma “habilitação” em ensino de determinada língua não garante “proficiência” nessa língua;
- a parte do texto sobre a formação do professor que diz “corpo docente de brasileiros com a devida habilitação para as disciplinas e/ou turmas que lecionam/atendem e docentes com habilitação ou proficiência na língua estrangeira adotada” parece fazer uma distinção entre o professor de conteúdo e o professor de língua, como se fossem professores diferentes;
- não existem cursos de graduação específicos para formar professores de ensino bilíngue.
O contexto escolar e sociocultural da escola bilíngue
Maria Teresa de la Torre Aranda fez uma avaliação de questões essenciais que devem estar presentes na discussão sobre ensino bilíngue. Ela falou sobre a tríade professor, aluno e escola bilíngue, analisando as competências que o professor de educação bilíngue traz para a sala de aula, o aluno (interlocutor) que esse contexto educacional quer formar e sobre o contexto escolar e sociocultural da escola bilíngue.
O professor: quais competências deve trazer para a sala de aula?
- formação / experiência;
- concepção de educação e língua;
- preparo para a área específica do conhecimento;
- proficiência na língua;
- investimento pessoal à própria formação.
O aluno: que aluno queremos formar?
- perfil;
- faixa etária;
- expectativas, necessidades, interesses;
- habilidades e competências;
- inclusão, adaptação, diferenciação.
A escola: qual o contexto escolar e sociocultural?
- currículo / abordagem metodológica;
- recursos, tempo e suporte (em sala e extraclasse);
- interação língua e conteúdo;
- interação da equipe inter-multidisciplinar;
- avaliação e feedback;
- estruturação de uma formação em serviço (in-service).
Desafios do professor bilíngue
Marcello Marcelino falou sobre os desafios linguísticos do professor bilíngue. Ele pontuou que o professor de escola bilíngue tende a ser um professor de línguas, originalmente, que faz uma transição para o ensino bilíngue e que esse professor tem que buscar uma formação oficial (habilitação, como determinado por lei) mas também uma formação extra-oficial (buscar eventos relativos à área).
Além disso, resta a questão de qual o nível de proficiência é demandado desse professor no contexto bilíngue para que os alunos tenham uma formação completa. Assim sendo, Marcello propôs algumas opções que o professor que deseja inserir-se na educação bilíngue deve considerar:
- graduação em Pedagogia ou Letras;
- frequentar eventos relativos à área;
- fazer cursos de extensão;
- fazer pós-graduação Lato Sensu (com certificação) ou Stricto Sensu (Mestrado, Doutorado), a fim de obter um diploma.
Além disso, em termos de formação linguística, Marcello apresentou uma série de áreas que seriam essenciais para este professor:
- proficiência na L2 (mínimo C1), buscando desenvolvimento contínuo;
- conhecimento da área de Aquisição de Linguagem (bilinguismo, desenvolvimento de L2, como promover input ótimo que promova o processo de aquisição natural, linguagem e lógica, aquisição da escrita e o input escolarizado);
- conhecimento de Fonética e Fonologia da L2 (os sons da língua, phonological / phonemic awareness, phonics, aquisição da escrita).
Gostou de conhecer ou relembrar o que foi dito nesta palestra? Não perca os próximos conteúdos do blog do Edify, traremos a Bett Educar em detalhes para você!
Autor: Monica Freire
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