Como professores e gestores escolares, o aprendizado de nossos alunos é muito claro para nós, não é mesmo? Sabemos exatamente quanto e em quais aspectos cada um deles evoluiu, onde há oportunidades de desenvolvimento, e vemos tudo isso em nossa cabeça e em nossos diários como uma clara linha temporal desde o momento em que conhecemos o aluno até o dia atual. Mas será que o próprio aluno tem essa clareza de seus resultados? E se tem, quanto disso e como chega para suas famílias? É preciso dar visibilidade ao aprendizado dos alunos.
O termo Making Learning Visible, ou “tornar o aprendizado visível”, em tradução livre, nunca foi tão falado, e com razão: a BNCC nos exige uma outra perspectiva do processo avaliativo, uma perspectiva na qual o aluno é agente de seu próprio processo de aprendizagem e que leva em consideração muito mais do que a nota numérica. Afinal, se falamos de competências e habilidades, temos que avaliar o aluno de forma holística, e ele e suas famílias têm que estar a par desse desenvolvimento.
Seguem, então, 5 dicas práticas para impulsionar o “Making Learning Visible” e estreitar a relação dos pais com a escola e com a educação dos filhos:
1. Aposte na Documentação Pedagógica
O desenvolvimento de portfólios não é novidade na Educação, mas ele foi ressignificado desde a BNCC. Primeiro, é importante ressaltar que um portfólio pode ser desenvolvido com alunos de qualquer idade, não apenas com a Educação Infantil. E é essencial que ele contenha trabalhos em ordem cronológica, para assim mostrar o processo evolutivo do aluno.
É também crucial pontuar que uma mera sequência de trabalhos, fotos e vídeos não é um portfólio educacional, já que isso não representa seu processo de aprendizagem por completo. O portfólio educacional deve vir acompanhado de uma descrição de cada item acrescentado, bem como dos objetivos que se teve com a realização de cada atividade. Ele deve também conter uma auto-avaliação do aluno, que pode ser realizada mensalmente ou ao final de cada etapa de um projeto. O portfólio pode ser físico ou digital, usando ferramentas como o Seesaw.
2. Dê voz ao aluno
Que tal disponibilizar algumas paredes da escola para que os alunos possam expor livremente seus trabalhos? Cada semana, uma turma da escola poderá ficar responsável por uma parede, e os professores ajudarão os alunos a se expressar por meio da exposição.
A ideia aqui é apresentar os mais variados tipos de trabalho, desde desenhos das crianças até redações do Ensino Médio. Vale enfatizar que o objetivo não é estético, mas focar no conteúdo. Imagine algumas paredes da sua escola “bagunçadas” por uma imensidão de trabalhos! Lembrando que a descrição e os objetivos também devem estar lá, assim como fazemos com os portfólios.
3. Promova uma apresentação de pôsteres
Todos que passaram por uma graduação ou pós-graduação sabem que a apresentação de pôsteres é uma constante em congressos. Enquanto que no meio acadêmico superior o pôster muitas vezes é o termo usado para outros tipos de apresentação, como uma fala curta, aqui nos referimos a um pôster, literalmente.
Essa técnica pode ser utilizada especialmente para tornar os resultados de um trabalho em grupo visíveis. Ao construir o pôster de sua apresentação, o grupo deverá pensar em como irá representar a sua jornada em grupo no pôster, e como a explicará para os visitantes.
4. Promova uma feira interdisciplinar
Você lembra de quando era estudante e participava da Feira de Ciências? A ideia aqui é promover um evento similar, mas que foque na interdisciplinaridade. Assim, os alunos, em grupos ou duplas, deverão desenvolver um projeto que utilize os conteúdos estudados em várias disciplinas para apresentar durante a feira.
Os benefícios vão além da feira em si, já que o aluno tem a oportunidade de compreender os conteúdos técnicos de uma forma global e aplicada à realidade, além de desenvolver autonomia conjugada ao espírito de equipe e divulgar o aprendizado, consolidando o “Making Learning Visible“.
5. Desenvolva um diário de aprendizagem
Muitas vezes, não nos damos conta das pequenas coisas que aprendemos cada dia. Então, por que não ter um diário de registro das nossas pequenas conquistas? Cada aluno pode ter um caderno em que cada página representa um dia. Ali, ele, durante o horário escolar, registrará como quiser as coisas novas que aprende
Pode ser um conteúdo novo, uma palavra nova que o professor usou, algum truque da internet que aprendeu com um amigo… A cada mês, o professor pedirá que olhem os registros daquele período e se deem conta de quantas coisas foram aprendidas e quantas habilidades foram desenvolvidas, nos tornando estudantes e pessoas melhores que ontem.
Autor: Marcela Nesello
Conte-nos o que achou sobre o texto!
Escrever comentário