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Educação infantil: a importância do estudo de neurociência no desenvolvimento dos alunos

Quando tratamos de ensino bilíngue na educação infantil, muitas ideias pré-concebidas surgem. Pais e responsáveis podem pensar que todo esse contexto vai confundir a cabeça das crianças, pois dependendo da faixa etária elas ainda nem estão alfabetizadas no primeiro idioma. Eles podem se perguntar: Isso não vai causar confusão na cabeça delas? Alguns sons, além da escrita das palavras, podem ser complicados de serem absorvidos. Mas a verdade é que a importância do estudo de neurociência para o bilinguismo se prova necessário justamente aqui.

Vamos começar a desmistificar essas ideias? A associação de estudos de neurociência com práticas pedagógicas, para entendermos a cabeça de alunos tão pequenos, só ajuda a focarmos no que é importante em cada faixa etária e, dessa forma, desmistificarmos esses chamados neuromitos. Além disso, verificamos o quanto os alunos se beneficiam ao desenvolverem habilidades cognitivas em dois idiomas. 

Uma coisa é certa: o repertório linguístico desses alunos é infinitamente maior do que o de alunos que não estão imersos no bilinguismo. Nessa fase os benefícios para as crianças são enormes: desperta a curiosidade, promove a interação social, ajuda na evolução do processo intelectual, além de formar cidadãos críticos e conscientes.

As contribuições da neurociência para a educação fazem com que os profissionais diretamente ligados às práticas de sala de aula estejam sempre atentos a mudanças que porventura devam ser aplicadas para que melhores resultados possam ser alcançados. Será que estamos usando as estratégias corretas na educação infantil? 

Um profissional reflexivo é importante para que melhores práticas sejam adotadas, revistas e repensadas, sempre considerando o contexto em que os alunos estão inseridos. Sousa e Tomlinson (2011) relatam que os professores precisam usar resultados de pesquisa realizados em neurociência para desenvolver estratégias, que permitirão que os estudantes tenham sucesso em ambientes de aprendizagem onde há uma diversidade de habilidades, culturas e idiomas.

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Exemplos da estudo de neurociência na educação

Vamos exemplificar? Áreas diversas do cérebro são ativadas quando realizamos diferentes tarefas. No ambiente escolar, as crianças precisam ser estimuladas de forma eficiente para tirarem melhor proveito das atividades. Nos cérebros bilíngues as duas línguas são sempre estimuladas e trabalham simultaneamente. Isso não causa, de forma alguma, confusão na cabeça das crianças. Esses estímulos fazem com que os estudantes criem conexões neurais, o que oferece maiores possibilidades de aprendizado.

Há momentos exatos para que esses estímulos sejam apresentados, respeitando o desenvolvimento cerebral, de acordo com cada faixa etária. Você sabia que em um recém-nascido há poucas conexões neuronais? Porém, até os 7 anos essas conexões atingem níveis altos. A partir dos 3 até os 15 anos, as crianças vão naturalmente podando as chamadas sinapses (conexões) eliminando as que estão em excesso e mantendo as que são úteis.

Agora vamos entender o que é neuroplasticidade. O cérebro é totalmente maleável e vai se adaptando aos momentos que estão sendo vividos. Quanto mais os estudantes são estimulados a pensar, entender, conversar e usar o que aprenderam, mais o cérebro vai se adaptando e se desenvolvendo. No cérebro do aluno bilíngue isso ocorre de uma forma mais rápida. Vamos pensar que a neuroplasticidade envolve também emoções e sensações. 

Na infância as crianças começam a aprender noções de cidadania, bem estar, empatia e cooperação, que serão desenvolvidas pelo resto de suas vidas. Em um contexto bilíngue esse desenvolvimento acontece de forma mais natural e dinâmica, pois diferentes áreas do conhecimento, além do desenvolvimento social e cognitivo serão trabalhadas. 

Os estudantes serão estimulados a trabalhar habilidades como a memória, raciocínio lógico, concentração e pensamento crítico. Dessa forma, as instituições de ensino contribuem para a formação integral, assim como na preparação do futuro pessoal e profissional desses alunos.

Já pensaram no quanto os alunos irão se beneficiar por estarem imersos em atividades propostas para cada faixa etária, através de experiências vividas e entendimento dos fatos apresentados? Isso fará com que eles pensem nas ações a serem tomadas e até mesmo em mudanças de comportamento quando, por exemplo, são convidados a se colocarem no lugar do outro. Temos nesse cenário os professores oferecendo oportunidades para que os alunos possam fortalecer e reorganizar suas conexões neurais.

Funções executivas e o que você precisa saber sobre elas

A partir daí, vamos falar de funções executivas. Elas são habilidades cognitivas que nos permitem controlar o que pensamos, nossas emoções e ações a serem tomadas. O cérebro do aluno bilíngue aumenta e maximiza as funções executivas e elas são muito importantes não só no sucesso desse aluno no âmbito escolar, mas também como cidadãos globais

Esses estudantes estarão inseridos em diferentes contextos e com a capacidade de pensar e analisar diferentes aspectos levando em conta as várias perspectivas apresentadas. Os professores oferecerão oportunidades ou caminhos para que os alunos busquem a solução para os problemas apresentados.

O cérebro bilíngue será capaz de absorver e guardar vocabulário e estruturas em um segundo idioma. Dessa forma, os alunos usarão esse material em contextos relevantes para suas faixas etárias. Os professores, conforme já mencionado, farão com que todo esse processo aconteça da melhor forma.

As tarefas realizadas em sala de aula pelos professores farão com que os alunos tenham a capacidade de reter informações em suas mentes fazendo com que eles saibam o que irão dizer ao participarem de alguma conversa. Os alunos terão também desenvolvidas habilidades de resolver um problema e solucioná-lo da melhor forma, em benefício de todos. 

Por último, o controle inibitório será muito trabalhado pelos alunos em sala de aula. Quando muito novas, as crianças não conseguem fazer escolhas. Trabalhar emoções, dentre elas a resiliência, está nesse escopo. Quando adultos, naturalmente evitamos uma discussão maior ao decidirmos não falar algo que possa inflamar os ânimos em uma conversa. As crianças também irão naturalmente desenvolver essa habilidade.

Que tal falarmos de atividades que estão tão presentes na educação infantil? A contação de histórias, músicas com rimas e versos divertidos, além dos diferentes sons e linguagem corporal ajudam a melhorar as habilidades das funções executivas. Jogos de faz de conta e onde as crianças assumam diferentes papéis são essenciais nesse processo. Crianças bilíngues apresentarão desempenho melhor em atividades que exijam maior atenção, memória e resolução de problemas, pois elas são capazes de absorver novos conhecimentos e desenvolvê-los mais rapidamente.

Conclusão

A proposta aqui é fazer com que pais e responsáveis sejam tão reflexivos quanto os professores e analisem os benefícios que um aprendizado através de uma proposta bilíngue traz para os estudantes já na educação infantil. Já pensaram nos estímulos que são dados às crianças em casa? Vocês conseguem lembrar dos momentos quando estimulamos as crianças fazer gestos de acordo com comandos, que peguem algum objeto ou que apontem para objetos de acordo com a cor? 

E quando ensinamos as crianças a contar? Pois bem, tudo isso no ambiente escolar acontecerá em dois idiomas e os benefícios para esses alunos serão enormes. Além da formação de cidadãos para o mundo, teremos alunos com maior poder de argumentação e comunicação. Isso se dará através de pensamento crítico e um conhecimento desenvolvido com responsabilidade promovendo colaboração e respeito, por exemplo.

Deem a suas crianças a possibilidade de exercerem cidadania desde cedo e inseridos em todos os contextos da sociedade. Isso pode acontecer desde muito pequenos na educação infantil, e os estudos em neurociência relatados aqui explicam isso!

Vamos começar essa mudança de pensamento? Quanto mais cedo começarmos a desenvolver atividades voltadas para as crianças, mais rápido elas internalizarão e conseguirão desenvolver tarefas, participar de discussões e tomar decisões de forma estruturada e com argumentos claros.

E então? Suas crianças serão, sim, capazes de tudo isso em dois idiomas e cabe a todos juntos, pais, responsáveis, professores e profissionais de educação proporcionar tudo isso a eles.

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Referências:

BIALYSTOK, Ellen; BARAC, Raluca. Bilingual Effects on Cognitive and Linguistic Development: Role of Language, Cultural Background, and Education. Child Development, v. 3, n. 2, p. 413–422, 2012.

EKUNI, Roberta.; ZEGGIO, Larissa.; BUENO, Orlando Franscisco Amodeo. Caçadores de Neuromitos. O que você sabe sobre o seu cérebro é verdade? Memnon. São Paulo, 2015.

SOUSA, David A.; TOMLINSON, Carol Ann. Differentiation and the Brain: How Neuroscience Supports the Learner-Friendly Classroom. Bloomington, 2011.

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