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ilustração de pessoas interagindo com notebook e celular

A importância da diversidade de práticas pedagógicas

No início da minha jornada de aventuras como professora de Inglês, tive que lidar com uma situação bem desafiadora dentro de sala de aula: um dos meus alunos questionava abertamente minha autoridade e minhas abordagens pedagógicas.  Ele se recusava a fazer as atividades propostas e constantemente me falava que não entendia o propósito do que estávamos fazendo. Na época ele tinha 60 anos e eu 23. E ele é a base para o entendimento da importância da diversidade de práticas pedagógicas.

Hoje eu já me sinto muito mais confiante para lidar com alunos como o Sr. Araújo. Ele vinha de uma outra geração, de uma outra escola com outras práticas. Sr. Araújo não conseguia aceitar que uma aula poderia ser dada dentro de uma cozinha com os alunos seguindo instruções para preparar um prato, usando um jogo de competição de perguntas e respostas (digital ou de papel, of course!), ou até mesmo ouvindo uma música e fazendo associações entre as emoções que provocam em nós.

Sr. Araújo ainda não tinha sido apresentado ao universo infinito de possibilidades que existe dentro de uma sala de aula. Hoje, depois de muitos senhores Araújo, eu prefiro simplesmente me ater aos fatos para justificar as minhas escolhas dentro de sala de aula para esses alunos. Muitas vezes, quando entendem o porquê das atividades propostas, eles acabam sendo facilitadores de todo o processo de aprendizagem. 

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Modelo VARK

De acordo com o modelo VARK de 1992 de Neil Fleming e Charles Bonwell, temos identificados, até hoje, cinco diferentes estilos de aprendizado: visual, auditivo, leitura/escrita, cinestésico e multimodal. Também temos em nossas turmas, muitas vezes numerosas, diferentes indivíduos, alguns com necessidades especiais variadas. Portanto, a diversidade das atividades proposta é um elemento vital para que todos os alunos tenham a chance de trabalhar diferentes habilidades e competências. Resumidamente, saber o nosso estilo de aprendizado nos indicará o formato mais eficaz para cada um de nós absorver conhecimento.

Pessoas visuais entendem um conteúdo com mais facilidade se esse lhes for apresentado por meio de símbolos visuais, como mapas, gráficos e imagens. Pessoas auditivas sentem maior conforto ao serem expostas a estímulos sonoros, como palestras, podcasts, discussões e leitura em voz alta. Já quem prefere o estilo leitura/escrita tem o estudo otimizado ao usar listas, dicionários e traduzir gráficos para a escrita.

Cinestésicos aprendem pelo fazer. Para esses indivíduos, a parte prática é crucial e o uso de ‘role-play’, encenações, projetos e experimentos torna o conteúdo abordado mais concreto. Finalmente, o estilo multimodal caminha mesclando e alternando entre todos os outros estilos. Concluímos que, a pluralidade de estilos oferecida pelo professor só contribui para que mais alunos sejam estimulados apropriadamente. 

Se não praticarmos uma reflexão e um controle constante do quanto estamos oferecendo diversificadas experiências em sala de aula aos nossos alunos, a tendência será conduzir práticas que são mais naturais ao estilo pessoal do professor em questão. Professores visuais adoram usar gráficos, já os auditivos preferem alimentar discussões e normalmente amam exercícios orais de repetição.

Se não garantirmos variedade, a tendência é que o professor vá sempre fazer o que é aparentemente mais eficaz para ele, sem perceber que poderia estar estimulando todos os outros estilos também. Num mundo ideal, os professores conseguiriam garantir o uso frequente de diferentes atividades, focadas em estilos distintos. Isso é possível? Sem dúvida. E de forma bem simples. 

Trazendo a teoria para a prática

No momento de planejamento do semestre, crie uma tabela de controle dividida entre os quatro estilos de aprendizado. Ao fazer o planejamento das aulas, posicione cada atividade planejada ou desenvolvida na área correspondente da tabela.

Assim, teremos uma imagem do quão equilibrado está aquele planejamento. É muito importante também fazer a checagem mensal de quais atividades de fato aconteceram e ajustar ao longo do percurso para que esse sortimento não seja comprometido pelos inúmeros imprevistos que acontecem ao longo de um ano escolar. 

Outra alternativa que vai na verdade impactar não só as suas aulas, mas também dar uma chance para que os seus alunos entendam melhor como aprendem, é promover um momento com eles para apresentar os cinco estilos de aprendizado. Existem vários testes disponíveis para identificar a qual estilo pertencemos.

Quando identificamos como nossa mente funciona, podemos estudar usando técnicas mais eficientes para cada um de nós. Das vezes que fiz isso com meus alunos, notei que só uma parte do grupo de fato começava a estudar tentando usar mais o seu estilo. Esses alunos reportaram uma verdadeira redescoberta de como estudar todas as outras disciplinas. 

É claro que precisamos ter variedade para atender aos diferentes indivíduos em nossas salas de aula. É vital. É também fato que podemos aprender mesmo usando estilos diferentes. Na verdade, precisamos exercitar todos eles. Assim estaremos melhor preparados para lidar com todos os desafios diários que o mundo real nos imprime. Precisamos tentar gerar um ambiente de estudo que motive os alunos de formas variadas. Só assim, daremos a eles chances mais apropriadas para desenvolver habilidades.

Renata Reis

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