A decisão sobre como deve ser a formação de professores gera impacto no projeto de desenvolvimento de qualquer nação. Um bom professor tem papel fundamental não somente na vida do seu aluno, como no contexto geral de indicadores escolares. Se queremos resultados melhores, com certeza, uma solução prioritária é a qualidade da formação desse profissional. E, fica a pergunta: Aprendemos a dar aula na licenciatura?
Com as mudanças constantes nas formas de aprender e ensinar, os cursos de licenciatura devem preparar os futuros professores para dialogarem com a nova realidade e novo público das salas de aulas, atuando como mediadores e designers de aprendizagem. Não existe nação economicamente forte com educação fraca.
Falta de tecnologia nos cursos de formação de professores
Parece óbvio dizer que o público atual em nossas salas de aula mudou, mas não é tão comum assim quando observamos as matrizes curriculares dos cursos de licenciatura, como por exemplo a pouca ou nenhuma inserção de recursos tecnológicos nas ementas dessas graduações. Isso sem falar no uso de metodologias ativas ou “modalidades de aprendizagem individuais”, citada pela psicopedagoga Alícia Fernandez.
A pandemia evidenciou as dificuldades tecnológicas que ainda temos: não somente de acesso à rede, mas de uso de ferramentas diversas no ambiente digital. Nossos guerreiros professores foram em busca e diante da necessidade, aprenderam.
Mas não teria sido mais fácil esse tempo se os mesmos já soubessem usar ou criar no ambiente virtual?
Professores aprendem novas tecnologias por conta própria
Somos seres individuais, com dons e talentos específicos e dotados de inteligência. Aliás, até o conceito de inteligência já tem passado por reformulação e a neurociência está aí esclarecendo tópicos e trazendo sobre o tema. Muitos psicólogos e cientistas se debruçaram a refutar a teoria da inteligência inata e esse fato altera substancialmente nossa cosmovisão de “como ensinar”.
Um desses psicólogos, chama-se Reuven Feurestein que ao afirmar que “a inteligência não é uma estrutura estática, mas um sistema aberto, dinâmico, que pode continuar a se desenvolver ao longo da vida”, testemunhou o que já sabíamos de forma empírica. Nossos professores aprenderam a utilizar ferramentas digitais, muitos sem nunca terem visto o assunto nas graduações.
O psicopedagogo judeu-israelense, romeno de nascimento, revolucionou os conceitos e dogmas vigentes nas décadas de 1950 e 1960, sendo o pioneiro na criação e aplicação do conceito de que a Inteligência Humana pode ser trabalhada e desenvolvida.
Isso quer dizer, todos podemos aprender, no nosso ritmo sim, mas podemos. E como aprendemos durante essa pandemia, não é?
A teoria de Feuerstein
O fundamento básico do pensamento de Feuerstein é que todos os seres humanos – independente de sua idade, limitação ou condição socioeconômica – têm a capacidade de melhorar de forma significativa seu aprendizado e, consequentemente, seu nível de funcionamento. Os resultados obtidos em seu Instituto, ao longo de décadas, e a aplicação de suas teorias em mais de 80 países, demonstram que ele tinha razão.
A teoria acima é bem aceita entre vários neurocientistas, pois afirma que o ser humano pode aprender, que somos modificáveis e que tudo depende da forma com a qual lidamos com o conhecimento.
Traduzindo, o professor exerce papel fundamental na aprendizagem ou não de um estudante. Se o professor não acredita, ou seja, se em seu sistema de crenças, não existe a possibilidade de entender que aquele sujeito à sua frente pode ir além, realmente ficará bem difícil para o estudante avançar.
Professores podem ser catapultas ou muros. Mas a culpa é do professor em si? A questão aqui é o entendimento, o conhecimento que o professor tem acerca de quem é o estudante, de como fazê-lo avançar e quais ferramentas usar. Ou seja, a formação docente pode sim atrapalhar e muito a aprendizagem final de um aluno.
Sem querer acusar ninguém ou qualquer instituição, é hora de indagarmos que tipo de formação docente o Brasil vem desenvolvendo com seus professores?
A pandemia expôs a escola, o que antes fazíamos dentro de quatro paredes, agora com o ensino remoto, está na rede. O que precisamos aprender é que educação não se faz com receituários prescritivos. É um processo complexo, em permanente mudança, em que mediações tradicionais não dão conta mais da sua complexidade.
Se queremos uma aprendizagem eficiente e efetiva, precisamos investir em nossos professores, seja na formação inicial ou na continuada. Todos aprendendo!
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