A série britânica “Adolescência” tem gerado intensos debates desde seu lançamento, não apenas por sua inovadora técnica de filmagem em plano sequência, mas principalmente pelos temas delicados e atuais que aborda. A produção coloca em evidência um desafio que educadores e gestores escolares enfrentam diariamente: a necessidade urgente de letramento digital para compreender e orientar a geração que vive imersa nas redes sociais.
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O Abismo Digital Entre Gerações
A narrativa da série “Adolescência” expõe de forma contundente o abismo que existe entre o mundo digital dos adolescentes e a compreensão que os adultos têm desse universo. Este gap geracional não é apenas uma questão de preferências ou hábitos — representa um verdadeiro desafio de comunicação e proteção.
Marina Dalbem, co-CEO do Edify, compartilha sua experiência ao assistir à série: “O que me chocou profundamente foi a falta de letramento que eu, e muitos outros educadores, temos em relação à linguagem que essa geração está utilizando nas redes sociais. […] Somos espectadores desinformados de uma geração que precisa de ajuda, mas não sabemos como oferecer essa ajuda de forma eficaz.”
Essa reflexão toca em um ponto crucial: como podemos proteger e orientar nossos adolescentes em um ambiente digital que muitas vezes desconhecemos? Como identificar sinais de bullying, comportamentos de risco ou situações de perigo quando não dominamos os códigos e linguagens usados pelos jovens nas diversas plataformas?
Adolescência e Vulnerabilidade Digital
A adolescência é, por natureza, uma fase de experimentação, busca de identidade e maior susceptibilidade à influência dos pares. Quando transportada para o ambiente digital, essa vulnerabilidade ganha novas dimensões.
Na série, vemos claramente como o protagonista sofre bullying abertamente no Instagram sem que nenhum adulto perceba, situação que infelizmente reflete a realidade de muitos jovens. As redes sociais se tornaram espaços onde adolescentes podem estar expostos a:
- Discursos de ódio e cyberbullying;
- Grupos extremistas e conteúdos violentos;
- Pornografia e exploração sexual;
- Pressão social e distúrbios de imagem corporal;
- Desafios perigosos e comportamentos autodestrutivos.
Como destaca Marina Dalbem: “Os pais não estão prontos para, sozinhos, monitorar esse tipo de ação. Mas, isso é responsabilidade das escolas?“
O Papel das Instituições de Ensino no Letramento Digital
A resposta para essa pergunta não é simples, mas é inevitável reconhecer que as escolas têm um papel fundamental nesse cenário. Afinal, as instituições de ensino são espaços privilegiados para a formação integral, incluindo a educação para o mundo digital.
O Edify busca, constantemente, criar novas formas de aprender e ensinar de acordo com as demandas da sociedade moderna, e por isso trabalha com letramento digital em seus programas bilíngues desde sempre. Esta abordagem reconhece que a alfabetização do século XXI vai muito além da leitura e escrita tradicionais.
Marina ressalta: “Para orientá-los a usar as ferramentas digitais de maneira segura, responsável e crítica, precisamos saber o que fazem no Discord, no Reddit, no Instagram, no TikTok, e que tipo de mídia e algoritmo cada plataforma utiliza.”
Letramento Digital: Mais que Proibir, Educar
A recente legislação que restringe o uso de celulares nas escolas brasileiras tem gerado debates acalorados. Por um lado, a medida busca reduzir distrações e proteger os estudantes; por outro, levanta questões sobre como preparar os jovens para um mundo inevitavelmente digital se os afastamos das tecnologias no ambiente educacional.
Marina Dalbem traz uma perspectiva equilibrada sobre essa questão: “A lei que baniu o uso de celulares dentro das escolas é necessária, mas prega que sejam usados com moderação e com intencionalidade pedagógica. Ainda estamos distantes disso, com professores precisando de formação continuada e amparo na decisão de como e quando inserir os devices em sala.”
O verdadeiro letramento digital não consiste em simplesmente proibir, mas em educar para o uso consciente, crítico e seguro das tecnologias. Isso inclui:
- Ensinar análise crítica de conteúdo: Capacitar os estudantes a distinguir informações confiáveis de fake news e conteúdos manipuladores.
- Promover a cidadania digital: Formar jovens conscientes da responsabilidade e do impacto de suas ações no ambiente virtual.
- Desenvolver habilidades de proteção: Orientar sobre privacidade, segurança de dados e como reagir a abordagens inadequadas.
- Fomentar o uso criativo e produtivo: Mostrar como as tecnologias podem ser aliadas do aprendizado e da criatividade, não apenas do entretenimento.
Formação Continuada: Educadores Digitalmente Letrados
Um dos maiores desafios para implementar um efetivo programa de letramento digital nas escolas é a própria formação dos educadores. Como podemos ensinar aquilo que não dominamos completamente?
“Precisamos de celular e computador dentro de sala de aula, com intencionalidade“, afirma Marina. No entanto, para que isso aconteça de forma produtiva, é necessário investir na formação continuada dos professores, orientadores e toda a equipe escolar.
Esta formação deve contemplar:
- Conhecimento básico das principais plataformas utilizadas pelos adolescentes;
- Compreensão da linguagem, símbolos e códigos utilizados nas redes sociais;
- Identificação de sinais de alerta para situações de risco;
- Estratégias pedagógicas para integrar tecnologias ao currículo;
- Desenvolvimento de projetos que promovam o uso consciente das redes.
Uma Responsabilidade Compartilhada
A série “Adolescência” nos lembra que, apesar de fundamental, o papel da escola não pode ser isolado. O letramento digital efetivo depende de uma rede de apoio que inclui família, escola e sociedade.
Como conclui Marina Dalbem: “A escola tem um papel vital no controle da atividade digital dos jovens, mas esse papel não deve ser isolado. Deve ser parte de um esforço conjunto com os pais e com a sociedade, criando uma rede de apoio que promova o bem-estar digital dos adolescentes.”
Para os gestores escolares, isso significa:
- Estabelecer canais de comunicação abertos com as famílias sobre o uso de tecnologias;
- Promover encontros e workshops para pais sobre segurança digital;
- Criar políticas escolares claras sobre o uso de dispositivos eletrônicos;
- Implementar programas de mentoria e apoio entre pares;
- Buscar parcerias com especialistas em segurança digital e saúde mental.
Conclusão: Preparando os Jovens para o Mundo Digital
A série “Adolescência” serve como um importante alerta sobre o quanto ainda precisamos avançar no letramento digital. Como educadores e gestores escolares, temos a responsabilidade de preparar os jovens não apenas para os exames acadêmicos, mas para os desafios reais que enfrentarão na vida.
O letramento digital não é apenas uma habilidade técnica, mas uma competência essencial para a formação de cidadãos críticos, responsáveis e seguros no século XXI. Como destaca Marina Dalbem, “a chave está em equilibrar a vigilância necessária com a formação desses jovens a desenvolverem habilidades críticas para navegar de forma segura e saudável no mundo digital.”
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