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O que é a afasia bilíngue? Confira com o Edify Education!

A afasia é gerada por lesões cerebrais do lado esquerdo do cérebro, em específico, nas áreas que controlam a linguagem. Com essa área lesionada, diminui-se a capacidade do indivíduo de utilizar a linguagem corretamente, prejudicando diretamente sua comunicação. Ou seja, a pessoa não consegue se comunicar, expor suas ideias e pode não compreender falas da maneira ideal, além de poder apresentar dificuldades para ler e escrever.

Na afasia, podemos encontrar subdivisões, ou seja, diferentes tipos de disfunções devido à lesão, provocando diferentes complexidades. Seus tipos são: afasia de Broca, afasia de Wernicke, afasia de condução e anomia. Além desses segmentos, também encontramos a afasia bilíngue, que afeta a linguagem e causa confusão nos falantes de duas línguas.

Afinal, o que é a afasia bilíngue?

A afasia bilíngue causa problemas na ordem da linguagem, fazendo com que o falante inverta os termos linguísticos, como mistura ou troca de códigos e problemas de tradução.

Dessa maneira, quando o falante se comunica, realiza trocas em suas falas, sendo de termos ou o uso intercalado entre a língua materna (L1) e a segunda língua (L2).

No entanto, ainda que a comunicação se dê dessa forma, o interlocutor tem a ideia do que está sendo dito. Por ter essa necessidade de se comunicar, o falante procura outros meios de expressão, como soletrar as palavras ou, na ausência da palavra correta, utilizar palavras do mesmo campo semântico, podendo gerar frases sem nexo na tentativa de passar o mesmo significado.

Assim sendo, temos como exemplo o caso apontado por Lilian Scherer (2011, p. 950) com uma paciente que sofreu de afasia e começou o tratamento um mês e meio após o incidente:

F (fonoaudióloga): O que tu faz no final de semana?

P (paciente): Trabalhar casa… trabalhar em casa, de noite trabalhar com … estudo com estudo …não… e no final de semana futebol, dar uma volta. (…)

F: E durante o dia tu ia pra empresa?

P: Trabalho das 6 alguns dias até 7, 8 de noite, outro dia até 6 ou 7, depende.

Podemos observar que a paciente apresenta dificuldade na conjugação verbal, mas busca se comunicar de maneira fluida, com intuito de manter a conversa.

Confira: neuroeducação e como estimular as funções cerebrais e potencializar o aprendizado.

Quais são as características da afasia bilíngue?

As características entre os afásicos bilíngues são divididas entre alguns fatores, visto que cada indivíduo pode desenvolver um sintoma mais específico em sua fala. Com isso, podem apresentar 4 dificuldades em seu cotidiano, que são:

  1. dificuldade de tradução, podendo afetar tanto a L1 quanto a L2;
  2. uma necessidade impulsiva de tradução de tudo o que é falado por ele ou terceiros;
  3. tradução sem sentido e entendimento, em que há comunicação, mas ela se torna de difícil compreensão;
  4. tradução paradoxal, em que o paciente consegue traduzir apenas a língua que não é falada espontaneamente.

Geralmente, o afásico apresenta apenas uma dessas características, entretanto, a afasia mais comum é a de fala sem compreensão exata do que é dito, já que o paciente busca palavras do mesmo campo semântico em suas conversas.

Multilinguismo, bilinguismo e plurilinguismo: o que é cada um?

Como é a avaliação e o tratamento da afasia bilíngue?

Em território nacional, a avaliação e o tratamento fazem parte de uma realidade bem complexa, visto que até mesmo a afasia monolíngue conta com pouquíssimos profissionais e equipamentos para estudo e tratamento, aliás, os aparelhos voltados para isso ainda estão em fase de adaptação.

O primeiro passo para o tratamento é identificar o causador da afasia, qual o desvio cerebral que ocorreu e acarretou essa disfunção. Desse modo, o profissional deve avaliar os seguintes pontos:

  • local da lesão no cérebro;
  • causa;
  • o tanto que a fala e a escrita foram atingidas e comprometidas.

A partir da avaliação, é possível começar o tratamento com o profissional — o fonoaudiólogo —, que auxiliará o paciente durante todo seu processo, com exercícios e acolhimento.

Além disso, como o afásico apresenta dificuldade em se comunicar, podendo intercalar entre suas duas línguas, o ideal é que o profissional saiba se comunicar tanto na L1 quanto na L2 de seu paciente, facilitando a compreensão quando houver a mudança de língua, gerando mais compreensão nas sessões.

No início do tratamento, é ideal que haja pequenos diálogos entre paciente e profissional, para que ele se sinta mais confortável e o profissional consiga entender como está o grau da disfunção, podendo avaliar melhor o caso e desenvolver um plano de estudo para a melhora do paciente.

Leia mais: a importância da oralidade no contexto bilíngue.

Portanto, vimos que a afasia bilíngue é a dificuldade do indivíduo de se comunicar com terceiros, apresentando problemas recorrentes na conversação, buscando o uso do campo semântico para tentar ao máximo que a comunicação seja efetiva. Quanto mais cedo a pessoa identificar e começar o tratamento, maior será a eficácia apresentada durante as sessões.

Além disso, esse é um campo que ainda necessita pesquisas, a fim de se desenvolver o conhecimento dessas questões e possibilitar mais tratamentos linguísticos para os acometidos com a afasia bilíngue, garantindo um retorno mais rápido ao paciente.

Esperamos que tenha gostado deste conteúdo. Para saber mais sobre processos linguísticos e bilíngues, continue seguindo o blog do Edify. Até a próxima leitura!

Referências:

SCHERER, L. C. Investigando a afasia bilíngue: um enfoque na produção discursiva. Estudos Linguísticos, São Paulo, v. 40, n. 2, p. 944-954, maio./ago. 2011.

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