A avaliação formativa é uma metodologia educacional que, por meio de diferentes práticas, fomenta uma perspectiva mais integral e dinâmica da trajetória escolar do estudante, indo além daquilo proposto pelos métodos tradicionais de ensino.
E, ainda que o estudante seja o ponto focal dessa estrutura, esse tipo de metodologia possibilita também ao educador uma prática mais participativa e presente ao longo da jornada educacional.
Trataremos sobre esse importante conceito, suas principais características e como pode ser aplicado dentro do processo de ensino. Acompanhe!
O que é avaliação formativa?
A avaliação formativa rompe com o conceito único de classificação e de atribuição de nota ao final do processo de aprendizado.
Um de seus principais atributos está justamente na maneira como essa metodologia se posiciona ao longo da jornada de ensino para uma aprendizagem mais significativa.
Ao acompanhar o desenvolvimento enquanto ele ocorre, a avaliação formativa possibilita ao educador perceber no percurso de cada estudante como ele tem absorvido o saber e quais possíveis pontos de melhoria. Não há atribuição de nota, já que este não é o objetivo principal dessa análise.
Uma das melhores maneiras de conseguir compreender a singularidade desse processo é também retomar, do ponto de vista conceitual e prático, como ocorrem as avaliações tradicionais.
O modelo convencional de ensino tem como um de seus principais pilares a atribuição de uma nota. Essa atribuição ocorre por meio de uma avaliação, ocorrida apenas ao final de cada ciclo de aprendizagem. Ou seja, é a partir dessa metodologia que o conhecimento adquirido pelo estudante é analisado.
Enquanto um dos principais instrumentos da educação, a avaliação tem duas referências principais, a interna e externa:
- Avaliação externa: importante ferramenta de desenvolvimento de políticas educacionais, têm como objetivo analisar de forma qualitativa e quantitativa o sistema de educação. Ocorre por exames aplicados a níveis nacional, estaduais e municipais, como o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e Sistemas de Avaliação de Rendimento Escolar;
- Avaliação interna: acontece em uma proporção muito menor e mais localizada. É aquela feita pela instituição de ensino e realizada pelo educador. Ocorrendo, geralmente, de maneira bimestral, semestral e anual.
A avaliação formativa entra, então, enquanto uma das possibilidades de avaliação interna escolar, possibilitando a construção de um novo olhar sobre essa compreensão.
Ao ocorrer de maneira mais ativa ao longo da obtenção do conhecimento por parte do estudante, proporciona também outra perspectiva na construção da relação entre educador e aluno.
Conheça 3 tipos de avaliação interna
As avaliações internas são empregadas em pontos específicos do sistema de aprendizado e podem utilizar dos mesmos mecanismos em cada etapa. O que vai diferir é a finalidade e o propósito em que vão ser empregados. Entenda:
Avaliação somativa
Também conhecida enquanto classificatória, define o grau de aprendizado do estudante ao atribuir uma nota. Costuma ser realizada ao final de um bimestre, trimestre ou semestre. Tem um caráter mais quantitativo.
Avaliação diagnóstica
Sua finalidade é a identificação da etapa de conhecimento que o estudante se encontra. Geralmente, é aplicada para o nivelamento dos estudantes
Avaliação formativa
Tem como foco estar presente ao longo de toda a trajetória de aprendizado do estudante e não apenas em momentos específicos.
Ao ser aplicada, permite a identificação de pontos de melhoria, além de revelar ao educador a forma como o conteúdo tem sido compreendido pelo aluno.
Possibilita, ainda, que dificuldades possam ser superadas de forma mais imediata, e não apenas ao final do ciclo de aprendizagem.
Quais as características da avaliação formativa?
- Metodologia de caráter fluido e altamente adaptativo, sendo incorporada conforme a realidade e demanda do estudante e professor;
- Visa a compreensão integral do caminho de aprendizagem trilhado pelo estudante e da atuação do educador;
- Por seu caráter contínuo, possibilita feedbacks mais frequentes e mais próximos do dia a dia em sala de aula;
- Não tem um foco único, já que analisa todos os aspectos da aprendizagem;
- Tem um caráter mais inclusivo e personalizado ao perfil do estudante;
- Possibilita também que o estudante tenha a chance de relatar como tem recebido e absorvido o aprendizado, podendo construir, junto ao educador, melhorias;
- Não ocorre com atribuição de nota;
- Respeita as dificuldades e limitações, não as colocando enquanto punição;
- É sistemática e ordenada, já que é necessário que ocorra com todo o registro desse percurso, de quais instrumentos estão sendo utilizados e dos objetivos traçados.
Quais os instrumentos de aplicação da avaliação formativa?
A possibilidade de variados instrumentos de aplicação vem ao encontro do caráter adaptável da metodologia formativa. Aqui, os instrumentos utilizados nas avaliações convencionais também se fazem presentes, mas são encarados enquanto recursos e utilizados de forma a melhorar a compreensão do aprendizado, e não enquanto ferramenta de atribuição de nota.
1. Seminários
Colocam o estudante enquanto protagonista na construção do saber e possibilitam que ele discorra, à sua maneira, sobre a temática aprendida. Os seminários também são entendidos enquanto uma importante alternativa de aprendizagem na metodologia ativa.
2. Trabalhos em grupo
Mais uma oportunidade onde o estudante pode colocar em prática, de maneira mais autônoma, seu aprendizado. Os trabalhos em grupo são também uma excelente forma de trabalhar características como comprometimento coletivo, comunicação e engajamento.
3. Autoavaliação
Dá ao estudante a oportunidade de ponderar a respeito de sua jornada de aprendizagem, tendo a percepção de suas habilidades e maiores necessidades a serem trabalhadas. Permite um maior protagonismo e a chance de que ele também possa apontar possibilidades a serem construídas junto com o professor.
É uma ótima maneira de trabalhar a autorresponsabilidade!
Tido como um dos principais instrumentos dentro da avaliação formativa, é necessário frisar, ainda, a necessidade do cuidado ao formular os critérios a serem avaliados pelo próprio estudante. Por isso, é importante considerar apenas tópicos mais objetivos, que refutem a possibilidade de interpretações dúbias.
4. Testes
Instrumentos também utilizados no modelo tradicional, aqui, os testes passam a ter como principal objetivo compreender os pontos de dificuldade sem colocá-los enquanto foco.
Quais os benefícios da avaliação formativa?
Conheça os 4 principais benefícios da avaliação formativa:
1. Incentivo ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais
A utilização de diferentes instrumentos avaliativos permite ao estudante o desenvolvimento de habilidades para além do campo de memorização de um conteúdo. Suas capacidades de comunicação, responsabilidade, engajamento coletivo e pensamento crítico são algumas das competências que acabam sendo fomentadas.
2. Estímulo ao protagonismo
Ocorre ao colocar para o estudante o quanto o desenvolvimento da aprendizagem é um sistema de coparticipação. Nesse caso, o educador não é o único detentor do conhecimento e o aluno possui a responsabilidade de atuar enquanto formador do conhecimento.
Com essa metodologia, o processo de construção de um saber também está sob responsabilidade do estudante.
3. Contexto de aprendizagem se torna mais integral e plural
Na avaliação formativa, a jornada de aprendizagem torna-se mais plural. Nela o saber, a avaliação, a jornada e os atores envolvidos atuam de forma mais integrada.
Permite uma compreensão mais assertiva e ágil do que está sendo compreendido e de como tem sido aplicado, possibilitando, dessa forma, aprimoramento de técnicas.
4. Maior engajamento na dinâmica entre estudantes e professores
Esse estímulo a uma relação mais horizontal e ativa, de ambas as partes, propicia uma maior aproximação entre os interlocutores na construção do saber.
Aqui, a ideia ultrapassada de que o estudante não teria nada para oferecer e o educador não teria nada a aprender, é superada e, juntos, professores e alunos constroem saberes por meio de experiências co-participativas.
Qual o papel do professor na avaliação formativa?
O caráter revolucionário do papel do educador é reafirmado na avaliação formativa!
Com a chance de construir dados que evidenciem importantes pontos da jornada de aprendizagem, o professor tem em mãos a possibilidade de instrumentalizar e enriquecer ainda mais seu conhecimento e didática.
É a chance de reinventar e fortalecer sua práxis, ao passo em que constrói uma relação mais saudável e dinâmica com seus estudantes. Ele deixa de ser visto sob a ótica rígida de números e passa a integrar a jornada de conhecimento.
Aqui, desenvolve diferentes técnicas, estabelece metas, realiza a escolha dos instrumentos mais apropriados, fortalece o aluno para desenvolver o seu protagonismo e caminha ao seu lado, sendo uma importante referência. Viabiliza, ainda, dados mais precisos e pertinentes para coordenadores, gestores e responsáveis.
Como colocar a avaliação formativa em prática?
Primeiro, é importante que essa metodologia seja totalmente compreendida pela comunidade escolar, de forma que as ações de um educador não sejam apenas pontuais, mas sim tendo acesso aos diferentes recursos necessários para colocá-la em prática.
Feito isso, é necessário estipular quais indicadores e informações serão colhidas, de que forma e com qual objetivo.
É necessário também ter um cuidado e comprometimento com o registro de todas as tarefas realizadas, para permitir uma construção sólida de dados e referências.
Por fim, a análise desses indicadores precisa ser compartilhada não só com a gestão, mas também com os estudantes e seus responsáveis, de modo a fortalecer esses vínculos e alinhar expectativas.
Quais os principais desafios da avaliação formativa?
É possível que se encontre certa resistência na compreensão e aplicação prática da avaliação formativa, por seu caráter inovador e diferenciado.
Esse é um desafio que coloca os educadores de frente com o rompimento da concepção de “nota como atestado de competência e conhecimento” – cristalizada entre o corpo educacional e as políticas de ensino.
Enquanto uma das principais tendências educacionais, é também uma didática que demanda o apoio e compreensão por parte de toda comunidade escolar, para não correr o risco de se tornar uma prática desarticulada e isolada.
A superação desses desafios leva, então, a uma construção mais dinâmica, presente e participativa, com protagonismo de estudantes e educadores, fortalecendo uma aprendizagem mais assertiva, crítica e transformadora.
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