Você já parou para pensar em algo como: e se houvesse outras formas de fazer a gestão escolar? Já se indagou sobre o que pode ser feito para que os alunos sejam mais ativos no processo de ensino e aprendizagem? Já questionou o modelo tradicional de gestão escolar?
Essas questões apontam que você precisa de uma gestão inovadora e transformadora em sua realidade: a Gestão Democrática Escolar.
Continue a leitura para saber as características dessa gestão e como viabilizar seu processo de implementação. Vamos conferir?
O que é gestão democrática escolar?
A gestão escolar é uma função utilizada para administrar, de forma organizada e eficiente, a instituição que chamamos de escola. Ou seja, é uma estratégia para produzir e manter o bom funcionamento das atividades que caracterizam a rotina tão particular desse espaço.
Por sua vez, essa função administrativa, como diz seu nome, “democrática”, caracteriza-se por possibilitar a participação de toda a comunidade escolar nas decisões que envolvem o desempenho da escola.
É um modo de gestão em que alunos, professores e equipe pedagógica se juntam àqueles que já fazem a gestão de outras decisões (gestores, coordenadores e diretores) para deliberar sobre determinado assunto.
Como afirma a pesquisadora e professora Regina Vinhaes Gracindo (2009, p. 136-137):
“A gestão democrática pode ser considerada como meio pelo qual todos os segmentos que compõem o processo educativo participam da definição dos rumos que a escola deve imprimir à educação de maneira a efetivar essas decisões, num processo contínuo de avaliação de suas ações”.
Se você quiser se aprofundar nessa temática, confira a lista com 9 livros sobre gestão escolar.
Qual a origem da gestão democrática escolar?
De forma geral, não há consenso sobre onde surgiu esse conceito. Para alguns, a gestão democrática escolar tem sua origem ligada aos estudos de tipos de gestão, na área de Administração.
Todavia, para outros, está relacionada a um longo processo que se consolidou com os estudos de Paulo Freire (2006) sobre a educação, com um olhar voltado à pedagogia da autonomia e da participação.
Na história da educação brasileira, a gestão democrática escolar aparece como um princípio na Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional, a LDB (BRASIL, 1996), no inciso VIII do artigo 3º.
Essa forma de gestão, voltada para a democracia no ambiente escolar, também aparece como uma das metas do Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014). O que mostra que independentemente da “verdadeira” origem, é um modelo legitimado pelas leis de educação.
Como funciona a gestão democrática escolar?
Já vimos que a gestão democrática escolar implica a participação ativa de toda a comunidade ligada à escola, certo? Mas como, de fato, ela funciona?
Bom, antes de tudo, é importante entender que a gestão democrática preconiza uma descentralização das decisões e ações tradicionalmente ligadas à gestão, ao diretor e ao coordenador.
Além disso, implica num processo de transparência, pois as decisões tomadas e as ações requeridas dentro de uma deliberação democrática precisam ser conhecidas por toda a comunidade escolar.
Por fim, favorece o envolvimento de todos os participantes do cotidiano escolar – o que gera mais autonomia e engajamento por parte dos alunos e professores, e mais resultados positivos para a escola de forma geral.
Para a efetivação da gestão democrática, é necessário superar o modelo tradicional de organização escolar, no qual as decisões são tomadas verticalmente, sem participação total dos envolvidos.
Assim, para que esse modelo funcione é preciso implementar processos e espaços de deliberação, favorecendo o envolvimento de diferentes participantes.
Como viabilizar a implementação da gestão democrática em sua escola?
Para que essa implementação aconteça, você precisa da participação de professores e da equipe pedagógica na elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e da participação de alunos e responsáveis em conselhos escolares. Vamos ver alguns exemplos?
Reunir uma equipe pedagógica e professores numa gestão colaborativa para elaboração do PPP
Uma gestão colaborativa pode fazer o planejamento da escola, de forma a garantir o bom funcionamento das atividades anuais. Essa organização é fundamental para garantir o cumprimento do planejamento e a transferência das ações.
Considerar os alunos como protagonistas
Na gestão democrática, o aluno é participante ativo e engajado. A escola pode fazer isso com dois exemplos: incentivar os alunos a escolherem representantes de turma, para apresentarem as demandas de cada turma à gestão – quando for necessário; e facilitar a criação de um grêmio estudantil.
Dessa forma, é interessante instigar e mobilizar os alunos para que eles participem de diferentes maneiras – o que favorece os sentimentos de pertencimento, de coletividade e de responsabilidade.
Esse tipo de gestão é eficiente no contexto escolar?
Sim, é eficiente! A adoção da gestão democrática escolar apresenta diversas vantagens para o funcionamento da escola. Veja alguns exemplos:
Motivação dos alunos
Imagina uma criança ou adolescente tendo a possibilidade de discutir, propor e tomar decisões importantes no ambiente escolar? Pois é, isso produz um efeito motivador sem igual! Além de criar uma perspectiva mais crítica do aluno, seja na escola, seja na vida fora da escola. É a oportunidade para seus alunos desenvolverem habilidades coletivas e socioemocionais.
Engajamento de pais e responsáveis
Ao poder participar ativamente da vida escolar, os pais ou responsáveis contribuem com a escola e também ficam cientes da rotina escolar e do desenvolvimento dos filhos. É uma via de mão dupla de benefícios!
Facilitação da rotina da equipe gestora
Isso mesmo, a gestão democrática facilita o trabalho do gestor! Ter outros participantes no planejamento e deliberação de ações alivia o peso da equipe gestora, que fica mais livre para outras decisões e ações. Afinal de contas, uma escola não se faz sozinha, não é mesmo?
Agora é hora de democratizar!
Como vimos, a gestão democrática escolar é uma ótima maneira de escutar e dar voz à comunidade escolar. Com esse tipo de gestão, a escola acolhe e resolve demandas com a participação de todos os envolvidos no processo escolar.
Além disso, é uma forma de aproximar a comunidade escolar entre si e de fazer com que alunos se engajem no cotidiano escolar para além da sala de aula.
Resumindo: a gestão democrática escolar é boa para todos! Quer saber mais sobre práticas inovadoras que contemplam o futuro? Basta assinar nossa newsletter para receber conteúdos exclusivos!
Referências bibliográficas:
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 15 ago. 2022.
BRASIL. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Plano Nacional de Educação. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 15 ago. 2022.
GRACINDO, Regina Vinhaes. O gestor escolar e as demandas da gestão democrática: exigências, práticas, perfil e formação. Retratos da Escola, [S. l.], v. 3, n. 4, 2012. Disponível em: https://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/article/view/107. Acesso em: 15 ago. 2022.FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 13. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006.