Os Transtornos do Espectro Autista (TEA), também chamados Transtornos Globais do Desenvolvimento, têm início precoce e se mantêm por toda a vida. São complexos e podem ocasionar diversos prejuízos, principalmente sociais. Porém, dependendo se o aluno apresenta algum déficit cognitivo associado, os casos serão relativamente graves.
O espectro autista é um conceito amplo que facilita a compreensão das oscilações que temos nesse quadro. Normalmente, temos a esfera da comunicação e da sociabilidade como grande carro-chefe, mas podem existir outros transtornos de neurodesenvolvimento associados, como movimentos repetitivos, interesses restritos, características comportamentais específicas, entre outros. Com isso temos desde quadros mais graves — comunicação restritiva mais intensa, déficit cognitivo importante e dependência total para atividades da vida diária.
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Existem causas relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista?
Não temos uma causa única para o quadro; visto que depende de diversos fatores. A genética, os fatores ambientais — tais como problemas no parto — e a idade paterna em idade avançada podem ser algumas das causas para o desenvolvimento dos TEA. Também não há nenhuma evidência científica que relacione o uso de vacinas na infância e o autismo.
Quais os sinais de crianças com TEA?
Podemos observar alguns sinais em crianças pequenas que podem servir de alerta. Aos 6 meses, a criança não sorri, nem demonstra expressões alegres. Aos 9 meses, não responde às tentativas de interação dos outros, nem interage. Com 1 ano, não responde ao ser chamado pelo nome, parecendo ter algum problema auditivo.
A criança também presta mais atenção a objetos do que a pessoas, e não segue com o olhar os gestos de outras pessoas. Também não costuma apontar para mostrar coisas ou bater palmas em demonstração de felicidade. Aos 2 anos, não fala, ou então apresenta uma dicção difícil de ser entendida, interage muito pouco ou não interage com outras crianças e não brinca de faz de conta.
Aos 3 anos, não busca ou mesmo evita a interação com outras crianças. Começa a demonstrar interesse por padrões em cores, formatos e movimentos, como o girar de uma roda. Com isso, por exemplo, ao invés de brincar com o carrinho, fingindo que ele está andando, normalmente o coloca de cabeça para baixo e fica fascinado girando a rodinha sem parar por horas.
Nem todas as crianças apresentam esses sinais antes de 1 ou 2 anos, e podem apresentar desenvolvimento normal até essa idade, perdendo gradual ou repentinamente as habilidades já adquiridas até aquela idade. Por essa razão, existem os mais diferentes quadros de TEA, devido às características que cada criança apresenta, podendo ser um com poucos ganhos e quase nenhuma interação social, a quadros em que adolescentes conseguem cultivar relacionamentos amorosos e casamento e ter filhos.
No aspecto cognitivo, os quadros também variam pelo enorme espectro de características de cada criança, podendo ter aqueles em que o letramento não é possível e outros em que é possível o cultivo da vida acadêmica. No entanto, o pensamento mais concreto e menos abstrato costuma permanecer durante toda a vida.
Possíveis condutas com alunos com TEA
Existem algumas estratégias importantes no caso de alunos dentro do espectro. Locais tranquilos, sem muita interferência de barulho, costumam acalmá-los e ser os melhores ambientes para aprendizado. É importante evitar a exposição do aluno a determinadas situações que já se sabe que ele apresentará mais dificuldades de realização que os demais.
Promover uma rotina ajuda o aluno a se organizar e se concentrar melhor nas tarefas que precisa fazer, respeitando seus limites em relação ao tempo de realização das atividades. De preferência, divida as atividades em etapas, com pequenos objetivos para melhor aceitação.
Outro ponto comum aos dois quadros de TEA é a afirmativa de que menos é mais. Informações gráficas são interessantes, mas é importante estar atento aos excessos delas, o que pode causar ainda mais distração. Devido ao pensamento mais concreto e a dificuldade de interpretar os sentimentos das outras pessoas, é importante que a professora ocupe um lugar de tradutora em determinadas situações.
A interação com membros da família é fundamental para o desenvolvimento desse aluno dentro e fora da escola. Como as principais deficiências são sociais, estimular o aluno a visitar a casa de outros colegas e fazer atividades sociais com pequenos grupos de pessoas próximas é de grande importância para o seu crescimento pessoal.
Aprendizagem de língua inglesa: benefícios para crianças com TEA
Há algumas hipóteses de que a criança dentro do espectro autista não deve ser exposta a um idioma que não seja a língua materna, por dificultar o início da fala. Porém, essa suposição não foi comprovada cientificamente até o momento. Também é possível observar que muitas crianças e adolescentes têm mais facilidade em se expressar através da língua inglesa, o que deve ser estimulado como um recurso a mais de comunicação entre a criança e o mundo que a cerca.
Uma das características da criança com TEA é o hiperfoco, isto é, concentrar a atenção em uma área específica ou um objeto por um longo período. Quando o inglês é parte dessa preferência, a criança aprende com facilidade e prazer. No entanto, o ensino precisa ser organizado de forma dinâmica, contextualizada e estruturada. Palavras ou expressões soltas e descontextualizadas são um obstáculo para o aluno, visto que ele não consegue ver sentido no que está sendo trabalhado.
Desenvolvimento Cognitivo
As crianças apresentam dificuldades para mudar o foco de uma atividade para outra. Porém, um estudo realizado pela professora Aparna Nadie, da Universidade MG Gill (2012), aponta que ser bilíngue e realizar as trocas dos sistemas linguísticos contribui para o aumento da flexibilidade cognitiva e concentração em relação a crianças com TEA, que falam apenas uma língua.
Além disso, ao aprender novas palavras e expressões há uma intensificação da capacidade de retenção da memória, devido ao aumento da plasticidade cerebral, que é justamente a capacidade que nosso cérebro possui de mudar suas conexões neurais, o que é extremamente benéfico para nossa saúde mental.
Imagens, cores, vídeos e músicas chamam muito a atenção de crianças com TEA. A imagem, por exemplo, relacionada à palavra correspondente em inglês facilita a memorização, o que é um elemento fundamental para um pleno desenvolvimento cognitivo.
Interação Social
Outro fator importante é que a criança com TEA apresenta grande dificuldade para reconhecer e expressar suas próprias emoções e fazer uma leitura da emoção do outro, ou seja, há um obstáculo na compreensão do comportamento do outro, além dos limites relacionados à compreensão de ideias abstratas e situações que não estão dentro de sua rotina diária. Tal comportamento dificulta o processo de interação social.
Aprender outra língua oferece oportunidades para o aprendizado de habilidades de conversação e habilidades específicas da fala como ritmo, volume, entonação e articulação de determinados sons. Sendo assim, a criança autista pode melhorar seu processo de socialização e comunicação.
Mas para tal, é necessário que os professores, em parceria com a escola e a família, identifiquem os interesses e habilidades dos alunos com TEA para que haja um planejamento e estratégias pedagógicas mais efetivas e inclusivas.
Inserção na Sociedade Globalizada
O inglês, além de ser uma língua franca, também é a língua usada na esfera tecnológica, sendo assim, seu aprendizado faz com que a criança com TEA amplie seus conhecimentos em relação a outras culturas e mergulhe com mais facilidade no mundo tecnológico, facilitando sua inserção na sociedade globalizada. Tal inserção ajuda o aluno a ser estimulado de uma forma mais estruturada.
Ensinar outra língua é uma forma de ajudar a criança com TEA a se desenvolver de forma cada vez mais significativa, tanto na área cognitiva, como na esfera social. O aprendizado de língua inglesa, por exemplo, permite que a criança amplie sua compreensão sobre o mundo e interaja melhor com as pessoas ao seu redor.
Sabemos que ainda há muito a ser pesquisado para termos melhor compreensão de como podemos ajudar de forma mais eficiente os alunos com TEA, porém, já conseguimos verificar como o aprendizado de uma outra língua contribui para seu desenvolvimento cognitivo e social.
Aproveite e veja também nosso post sobre a importância da oralidade no contexto bilíngue.
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