Podemos afirmar que um dos assuntos mais discutidos entre os educadores na atualidade diz respeito ao uso do celular na sala de aula, assim como o uso de outras tecnologias. Para muitos ele é um vilão, que rouba a atenção dos alunos em momentos inadequados, tirando-lhes parte essencial de sua experiência de aprendizagem. Caixinhas em MDF se popularizaram nas salas de aula ao redor do Brasil, receptáculos desta ferramenta mal vista.
Muitas das preocupações expressas englobam o impacto dos celulares na saúde mental e na capacidade cognitiva de nossos alunos. A forma como a maior parte dos aplicativos, em especial as redes sociais, trabalham com mecanismos de gratificação que agem em regiões do cérebro semelhantes às que são ativadas pelo uso de drogas com altos potenciais viciantes estão no cerne destes argumentos. A limitação do tempo de tela e a proposição de atividades que proporcionem maior interação real em sala de aula surgem com força, após um período deveras longo em que víamos nos celulares a única janela segura para um mundo tomado pela COVID 19.
Pois bem, precisamos admitir que extremismos não nos cabem. Ao estigmatizarmos o uso do celular, podemos estar correndo o risco de criar bolhas de isolamento nas salas de aula.
É preciso recordar que os celulares são uma realidade. São, em muitos momentos, ferramentas poderosas, que potencializam nossa capacidade de trabalho, comunicação e interação. Todos nós os utilizamos. Mas então por que pretendemos oferecer aos nossos alunos uma sala de aula livre de celulares?
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Reflexões que devemos fazer sobre o uso do celular na sala de aula
Ao oferecer aos nossos alunos uma sala de aula livre de celulares, não estaríamos privando-os de um contato sadio, mediado pelo professor, com uma ferramenta que lhes pode ser útil, se bem utilizada? Não estaríamos também privando-os de desenvolver a capacidade de autorregulação frente a um instrumento de uso diário para a maioria da população? Enquanto nossos ambientes favorecem o desenvolvimento da autonomia, da construção do conhecimento, eles não podem se distanciar da experiência de mundo real. Afinal, para quem e para que estamos preparando nossas gerações futuras?
É fato também, que nem ao menos podemos dizer com certeza o que o futuro nos reserva, à medida que a humanidade desenvolve ferramentas cada vez mais inovadoras através do uso da tecnologia. Quais serão as profissões do futuro? Quais posições nos postos de trabalho nossos filhos irão ocupar?
Todas essas reflexões nos levam a um breve passeio pela história, lá nos confins da experiência humana. Quando nos perguntamos se a tecnologia é igual para todas as sociedades humanas ao longo do processo evolutivo, percebemos que ela tem algumas semelhanças. Toda a tecnologia surgiu de uma necessidade, da solução de um problema. Toda a tecnologia é inicialmente desconfortável. E toda a tecnologia eficaz acaba por ser implementada, quer as pessoas de seu tempo queiram, quer não. Foi assim com o fogo, lá nos primórdios. Foi assim com a escrita e até com os talheres.
E então, nos cabe avaliar. Não vamos, por certo, utilizar talheres para comer salgadinhos. Não vamos usar celulares cem por cento do tempo de aula. Mas podemos sim ver o valor de um garfo e uma faca para auxiliar a cortar um bife. Portanto, podemos também avaliar nossos objetivos pedagógicos e entender qual é o momento e a finalidade do uso do celular no processo de desenvolvimento de seres preparados para lidar com as questões de seu tempo.
O uso do celular na sala de aula: abracemos as possibilidades
Assim, sejamos um pouco mais benevolentes com os pobres celulares… E por fim abracemos as possibilidades: prática e reforço com feedback claro e instantâneo; personalização do ensino e da trilha de aprendizagem de cada indivíduo; exercício da autonomia curada; desenvolvimento de habilidades como a resiliência e a autorregulação.
Ainda, quando encontramos no celular a ferramenta certa, que pode alavancar o aprendizado, através da motivação extrínseca para construir uma cultura de excelência, podemos enfim acreditar que vale à pena dar a ele uma chance.
Hoje, no ensino bilíngue, essa ferramenta é o Edify Play. Desenvolvido para proporcionar aos alunos uma experiência completamente gamificada de aprendizagem, conta com diversas oportunidades de desenvolvimento linguístico, como o desenvolvimento de habilidades de compreensão auditiva, compreensão em leitura, identificação de vocabulário, prática de estruturas gramaticais e muito mais.
E tudo isso chega aos nossos alunos através do nosso Edibot e da simpática Edna, que guiam os alunos nessa aventura em busca pelo conhecimento. O Edibot é customizável e permite a geração de identidade dos alunos com o seu próprio robô. Ao realizar atividades, eles ganham moedas e podem trocá-las por diversos acessórios para os seus robôs. Essa identidade atua no desenvolvimento da autoestima, gerando uma profunda conexão entre os alunos e seus robôs, assim como com os próprios colegas, à medida que se incentivam mutuamente, mostrando seus novos itens e acessórios.
James Paul Gee defende que temos muito a aprender com os videogames sobre educação e letramento. Ele vê os jogos como eficazes plataformas, que proporcionam uma série de possibilidades de aprendizagem orgânica e estruturada, propondo o nível exato de dificuldade para que possamos ser a cada dia melhores. Diante disso, ainda somos capazes de vilanizar os celulares? Talvez eles tenham mesmo alguns problemas, mas invariavelmente, se utilizados, assim como os talheres, no momento certo, com a finalidade certa, podem sim nos salvar, quase como fazem os heróis!
Autor: Carolina Christino