Aumento da concentração e do raciocínio, manutenção da saúde cerebral, desenvolvimento de habilidades acadêmicas e melhores oportunidades no mercado de trabalho — essas são apenas algumas das inúmeras vantagens da educação bilíngue.
Além desses benefícios, o ensino bilíngue também é capaz de desenvolver habilidades de relacionamento intercultural muito importantes para o século XXI. Isso porque, o acesso a outro idioma, mais especificamente ao inglês, permite o aluno conhecer e se envolver social e culturalmente com outros povos e suas realidades.
O resultado é um aluno mais empático, que compreende melhor a diversidade cultural que existe no mundo e que está mais hábil para se relacionar com o outro.
No entanto, para que estas habilidades sejam de fato desenvolvidas, é importante que o aluno esteja inserido em um contexto de ensino bilíngue que vá além dos aspectos estruturais e funcionais da língua e abra espaço para discussões sobre como a realidade cultural que ocupamos influencia a maneira como pensamos, agimos e comunicamos.
É preciso, então, que o ensino-aprendizagem da língua esteja associado aos aspectos culturais daqueles que a utilizam.
Por exemplo, ao abordar maneiras de utilizar a língua de forma educada ou gentil não basta ensinar palavras e expressões isoladamente. É preciso levar o aluno a refletir sobre como o uso desse vocabulário relaciona-se as demais características dos falantes, suas atitudes e comportamentos. Em especial, como a forma de falar do outro se compara a sua e o que isso gera acerca de reflexões sobre si mesmo.
Portanto, o ensino bilíngue que adota uma abordagem que incentiva o diálogo entre culturas é capaz de criar um ambiente favorável para que o aluno conheça melhor sua própria cultura e a cultura do outro. Nesta abordagem, o aluno aprende a aceitar, respeitar e vivenciar as diferenças, deixando de lado preconceitos e estereótipos que podem vir a atrapalhar sua comunicação.
Mas então como explorar a cultura na sala de aula bilíngue?
Para que a educação bilíngue desperte no aluno atitudes de tolerância e compreensão do outro, é preciso que o professor explore a cultura de maneira crítica. Dentre outras práticas, o professor deve levar o aluno a:
- • Pensar criticamente sobre as diferenças e semelhanças entre as culturas e diferentes grupos humanos, e reconhecer que, assim como ele, o outro pensa e age de maneira culturalmente condicionada;
- • Ampliar o entendimento da própria cultura a partir da comparação e da análise de outra(s) cultura(s) e, assim, fortalecer suas raízes culturais;
- • Questionar as generalizações que são feitas sobre a cultura do outro, fugindo dos estereótipos reproduzidos pelo senso comum, e entendendo que a heterogeneidade é uma característica inerente às culturas, inclusive à sua própria;
- • Desnaturalizar sua visão de mundo e seu modo de organização de vida a partir da apreciação do outro;
- • Desenvolver atitudes de tolerância em relação a outros povos e culturas pensando em alternativas para lidar com situações/conflitos interculturais;
- • Despertar sua consciência para a responsabilidade social que possui enquanto cidadão global.
O que diz a Base Nacional Comum Curricular?
A educação bilíngue dentro dessa perspectiva intercultural não deve almejar que o aluno chegue a um patamar de conhecimento ideal e total sobre a cultura alvo e local. O objetivo deve ser o desenvolvimento de habilidades para lidar com tantos outros contatos interculturais que vier a ter.
Se consultarmos as competências gerais da BNCC, veremos que o documento está perfeitamente alinhado com o tema. Nele está descrito a importância da escola na valorização das diversas manifestações artísticas e culturais, aumentando o repertório cultural do aluno, e na promoção do respeito ao outro, com acolhimento e valorização da diversidade, sem preconceitos de qualquer natureza.
Assim, ao trazer a cultura para a sala de aula bilíngue, contribuímos para a formação educacional cidadã de nossos alunos, preparando-os para lidar com o mundo e com as pessoas do mundo, através de uma postura mais crítica, compreensiva e libertadora.
Autor: Rafael Miranda
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