Logicamente, os educadores conseguem perceber como as crianças pequenas têm uma extraordinária capacidade para aprender, tanto que a aprendizagem na idade infantil é fundamental para preparar o aluno para o restante da sua vida escolar e consideramos que esse é um fator-chave para melhorar a educação em todo o mundo.
Uma pesquisa realizada por cientistas britânicos e americanos relatou que na idade de 2 e 4 anos, o cérebro infantil possui uma “janela de formação” que corresponde a um período em que as crianças estão abertas a receber, internalizar e desenvolver um certo tipo de conhecimento: o aperfeiçoamento da linguagem.
Por meio de um escaneamento do cérebro, esses pesquisadores perceberam que há influências externas que possuem uma maior capacidade de absorção de conhecimento até os 4 anos de idade, quando as sinapses entre os neurônios se desenvolvem para processar o aprendizado de novas palavras e significados.
Por isso, a pesquisa foi divulgada na revista científica The Journal of Neuroscience e sugere também que as crianças têm muito mais facilidade em aprender mais de um idioma, por exemplo. Nesse sentido, o ensino bilíngue é uma tendência educacional cada vez mais interessante desde a educação básica, uma vez que proporciona a aprendizagem da língua inglesa de maneira muito mais edificadora.
As soluções bilíngues do Edify Education, implementadas em centenas de escolas, são pensadas justamente para promover um processo de ensino-aprendizagem que desenvolva o intelecto das crianças para aquisição de duas línguas (o português e o inglês) simultaneamente, formando cidadãos bilíngues.
A neurociência e os neuromitos na educação infantil
A neurociência chega até a sala de aula muitas vezes como “neuromitos”, você já ouviu falar sobre esse termo? Um neuromito nada mais é do que um mito amplamente repassado sobre a aprendizagem dentro da neurociência.
Um exemplo disso no universo educacional é a afirmação que os estilos de aprendizagem não têm respaldo na neurociência, no entanto, 95% dos professores acreditam que eles existam. Este foi o tema da palestra de Fernando Louzada na Bett Educar 2018, sobre a qual você confere alguns detalhes na sequência.
O desenvolvimento de soluções educacionais tem sido pautado na neurociência, contudo, muito do que se afirma como verdade não possui fundamento científico.
É o caso de afirmações como a suposta diferença entre as funções do lado esquerdo e direito do cérebro e a capacidade de aprendizado do indivíduo ao receber o conhecimento por meio da sua mídia preferida (áudio, imagem, texto etc.).
Esses neuromitos levam a crenças equivocadas e afetam todo o processo de ensino-aprendizagem, assim como a pesquisa e a produção de conhecimento em torno do tema educação. Por isso, quando falamos no diálogo possível entre educação e neurociência, é imprescindível “dar a volta toda”, como relatou Fernando ao longo da palestra.
A pergunta que interessa aos neurocientistas e educadores é: “O que acontece com o cérebro quando a gente está aprendendo?”
Fernando usou a metáfora de uma trilha em uma mata cerrada para falar de como construímos nossas redes neuronais. Algumas trilhas viram ‘estradas’, enquanto outras podem até desaparecer.
A aprendizagem está sempre formando e reforçando antigas trilhas, ou seja, estamos esculpindo redes conforme aprendemos. Por outro lado, também é importante lembrar que estamos perdendo algumas trilhas também.
As conexões mudam a estrutura física do cérebro da mesma forma que nossos passos mudam a estrutura do terreno por onde andamos.
A consolidação da aprendizagem de acordo com a neurociência
Fernando também falou de pesquisas para explicar como, do ponto de vista da neurociência, o sono é fundamental para a consolidação da aprendizagem.
Existem genes que nos predispõem a sermos mais matutinos ou mais vespertinos. Nos EUA, estados como a Califórnia, já propõem que as aulas comecem mais tarde por meio de projeto de lei.
Fernando defendeu um modelo onde alunos tivessem core subjects, de 9h às 12h, e opcionais, de 7h às 9h (para os que se sentem bem pela manhã) e de 13h às 15h (para os que se sentem bem pela tarde).
Assim como Carla Tieppo, Fernando falou sobre as funções executivas que vão pouco a pouco sendo desenvolvidas, mas que só estão totalmente desenvolvidas por completo aos 20 anos. Falou de como a mielinização (camada lipoprotéica que envolve e protege a condução nervosa dos axônios dos neurônios) é fundamental para o desenvolvimento cerebral.
Mostrou um vídeo do famoso teste do marshmallow para exemplificar como uma das funções executivas (a saber, o controle inibitório) só se desenvolve ao longo da infância e da adolescência, daí a importância de pais e professores servirem de “cérebro auxiliar”.
Fernando terminou falando de outras áreas, onde a presença da neurociência é fundamental como fonte de informações para professores, a saber: as trajetórias atípicas do desenvolvimento cerebral, como o Autismo e o TDAH (o diagnóstico é decisivo para o tratamento, mas quem realmente entende sobre o ambiente da criança é o pedagogo/professor ou o psicólogo).
Aproveite e leia também: Neurociência: entenda como funciona o cérebro do adolescente!
Mas, afinal, a neuroplasticidade cerebral é maior na infância?
Uma pesquisa divulgada no livro Developing Minds in the Digital Age: Towards a Science of Learning for 21st Century Education, revela que, em relação à linguagem e à alfabetização, a qualidade e a frequência com que as crianças têm contato com a linguagem, especialmente provinda dos pais, desenvolve habilidades linguísticas iniciais avançadas e prontidão para leitura em crianças aos 5 anos de idade.
Imagens do cérebro de bebês comprovam a importância da interação social para o crescimento da linguagem. A ciência traz o “treinamento dos pais” como um fator essencial para o desenvolvimento de habilidades linguísticas nas crianças, uma vez que os experimentos resultaram em aumentos significativos tanto na linguagem quanto nas habilidades de interação das crianças.
Nesse sentido, um método e um currículo desenvolvido para professores trabalharem de forma a aprimorar o aprendizado das crianças é focar no ensino bilíngue, justamente porque a neuroplasticidade infantil é maior durante a primeira infância.
Tanto que a pesquisa foi baseada no aprendizado de dois idiomas para crianças de até 3 anos com pelo menos 1 hora por dia de instrução. Então, nada mais justo que todo esse potencial seja também muito bem explorado no contexto educacional infantil.
O Edify já ajudou diversas escolas a caminharem nesse sentido, com a implantação dos programas bilíngues para escolas, sempre oferecendo toda a capacitação e acompanhamento da equipe pedagógica para que a solução bilíngue seja realmente eficiente dentro da instituição. Quer saber mais sobre as nossas soluções educacionais? Clique no banner abaixo e nós entraremos em contato com você!
Referências:
BBC NEWS BRASIL. Cientistas descobrem por que crianças têm facilidade de aprender mais de uma língua. BBC, 9. Oct. 2013. BBC News Brasil. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/10/131009_linguagem_infancia_an>. Acesso em: 11/8/2022.
KUHL, P. K.; LIM, S. S.; GUERRIERO, S.; VAN DAMME, D. Neuroscience and education: How early brain development affects school. Educational Research and Innovation. p.25–36, 2019. OECD. Acesso em: 11/8/2022.
MCCANDLISS. B; TOOMARIAN. E. Putting neuroscience in the classroom: How the brain changes as we learn. Disponível em: <https://www.pewtrusts.org/en/trend/archive/spring-2020/putting-neuroscience-in-the-classroom-how-the-brain-changes-as-we-learn>. Acesso em: 11/8/2022.
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